quinta-feira, 31 de março de 2011

Determinismos e a Mídia

A partir da análise da matéria jornalística do programa: Fantástico, exposta no site da Rede Globo de televisão em 30 de setembro de 2007, com o título Quem é mais inteligente? É possível perceber a tentativa de resgatar ou estabelecer preconceitos formados a partir de paradigmas idealizados no decorrer da história cultural. Excitando a competição, tão explorada em nossa sociedade contemporânea, muitas vezes os organismos de comunicação acabam resgatando do ideário popular e das fontes científicas, certas teorias que julgam como melhor qualificadas, pessoas com certas fisionomias biológicas, sexo ou nacionalidade.

Na abordagem feita pelo programa, foi obtida como fonte para a discussão uma pesquisa de psicólogos da Universidade de Edinburgo, na Grã-Bretanha, que buscaram através de entrevistas de 2.500 irmãos, que segundo os pesquisadores, evitaria entrevistar pessoas que tiveram diferentes oportunidades de educação, determinar quem era mais inteligente, o homem ou a mulher.

Esta iniciativa em pleno século XXI, mostra que ainda há sujeitos que buscam através da captura de informações fragmentadas da grande complexidade do ser humano e seus respectivos habitats, determinar o que é ser mais inteligente, quais os valores ou costumes mais importantes, e ainda o mais grave, distinguindo pessoas em grupos distintos, muitas vezes de forma antagônica, com isto, sem levar em conta que somos acima de tudo, todos seres humanos, imperfeitos e que cada um tem suas habilidades, suas deficiências e seus valores, ou seja, que cada um tem uma leitura de mundo e realidade social que o faz se comportar de determinada forma, sendo errôneo determinar-se que por exemplo, uma costureira que possui a técnica de produzir manualmente roupas em uma localidade rural seja menos importante para o mundo do que um desenvolvedor de softwares de uma metrópole, tendo em vista que as necessidades das técnicas nos locais em que vivem são respectivas às suas produções. Não faz diferença em conhecer determinada técnica se o indivíduo não ver lógica de tal prática no seu cotidiano. A questão da importância é notoriamente relativa, o que se faz perceber no mínimo como uma prática injusta, julgar e separar seres humanos a partir de uma visão desenvolvimentista contemporânea.

(Bruno Pinheiro Meira)

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